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A Jornada Mundial da Juventude - JMJ como forma de viver a interculturalidade

Mais do que uma festa da juventude católica ou uma peregrinação, pode se pensar em resultados sociais de longo-termo para Portugal, como a chance do reconhecimento dos jovens de diferentes culturas à humanidade que os une por meio da identificação de valores humanos na convivência e da diversidade do cotidiano.

A Jornada Mundial da Juventude - JMJ como forma de viver a interculturalidade
Aline Villas Boas
03 de maio de 2023

A Jornada Mundial da Juventude está a bater às portas de Lisboa. Estamos em maio e em exatos 3 meses, entre 1 e 6 de agosto, terá lugar um dos maiores encontros de jovens do mundo. Este encontro com o Santo Padre é um apelo à expressão da Igreja e um momento forte de evangelização do mundo juvenil. Mas mais que isso, com uma identidade claramente católica, aberta a todos os jovens, mais próximos ou mais afastados da Igreja, é uma chance de fomentar uma cultura de paz, de união e de fraternidade entre os povos e as nações de todo o mundo.

Isso porque, além dos momentos de oração, partilha e lazer, os jovens podem participar em várias iniciativas, em diferentes locais da cidade. E é exatamente esse ponto que trago para a reflexão, a convivência entre jovens de diferentes culturas. Muito resumidamente, a perspectiva de interculturalidade crítica(1) propõe a superação de hierarquias culturais socioeconômicas construídas historicamente por meio da mediação e da convivência entre os diferentes. Assim, a proposta indica a promoção de negociações e intercâmbios culturais no desenvolvimento da interação entre pessoas e grupos culturalmente diversos. Trata-se, então, de criar espaços de encontro, diálogo, articulação e associação entre seres e saberes, sentidos e práticas, diferentes lógicas e racionalidades, e, conta-se com a solidariedade e compreensão sobre o que se entende como diferente para lidar com isso, ou seja, exatamente a proposta da Jornada Mundial da Juventude.

Desta conexão intercultural espera-se como resultado o desenvolvimento da empatia, fraternidade e da amizade social, além da obtenção do bom convívio. Trata-se, também, de considerar a criação e o fortalecimento da consciência comunitária, de modo a reconhecer a pluralidade humana e suas diversas manifestações em busca de uma sociedade mais justa e democrática. Ou seja, apresenta-se à sociedade portuguesa a oportunidade de potencializar um processo intercultural, por meio de um tsunami de encontros culturais que dar-se-ão durante a JMJ. É a chance de usar o que está a ser construído, física e socialmente, para usufruto local da população à longo termo e, aproveitar tal chance para reconstruir ligações sociais e comunitárias múltiplas, de forma a prover à comunidade local modelos de relações culturais, baseados em respeito, fraternidade e de consciência plural.

Portanto, mais do que uma festa da juventude católica ou uma peregrinação, pode se pensar em resultados sociais de longo-termo para Portugal, como a chance do reconhecimento dos jovens de diferentes culturas à humanidade que os une por meio da identificação de valores humanos na convivência e da diversidade do cotidiano. Nas palavras do Papa Francisco:
“Neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade. (…) Sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos os irmãos”(2).

(1) Para aprofundar alguns conceitos e discussões sugiro a leitura dos autores a socióloga francesa Martine Abdallah-Preticeille, o filósofo canadiano John Berry, a socióloga equatoriana Catherine Walsh e a educadora brasileira Vera Candau
(2) Fratelli Tutti. N. 8
Foto. Fonte: Jornada Mundial da Juventude, JMJ Lisboa 2023; https://www.lisboa2023.org
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