IV Domingo de Advento
Maria pode ser o nosso ícone da confiança. E José pode bem ser o nosso ícone da compaixão.
Depois de João Batista, aparece Maria, a virgem que terá um filho como sinal de que Deus é e quer continuar a estar com o seu povo. O nascimento do Filho de Deus de uma mãe virgem será o maior motivo de alegria da humanidade.
O salmo de hoje – o salmo 23 – pode preparar-nos, com a celebração do sacramento da reconciliação, para esta festa, preparando-nos para celebrar adequadamente o nascimento do Salvador. Seria bom experimentar a misericórdia de Deus através do sacramento da penitência.
Na segunda leitura, São Paulo sublinha que Jesus se enraíza na história do Povo de Deus, como sinal de fidelidade de Deus ao seu povo: fidelidade na encarnação, fidelidade na sua vida e na sua morte e ressurreição.
José é um homem que “sonha”, como sublinhou o Papa Francisco: “Na Bíblia, os sonhos eram considerados um meio através do qual Deus se revelava. O sonho simbolizava a vida espiritual de cada um de nós, que devemos cultivar e guardar (…) José sabe cultivar o silêncio e, sobretudo, tomar decisões justas diante da Palavra de Deus” (26 de janeiro de 2022). E o Papa comenta este primeiro sonho de José no evangelho: “Em Mt. 1, 18-25, o anjo ajuda a José a resolver o drama que o assalta quando descobre a gravidez de Maria. (…) Muitas vezes a vida põe-nos diante de situações que não compreendemos e parece que não têm solução. Rezar, nestes momentos, significa deixar que o Senhor nos indique qual é a coisa justa para fazer”
São José é, verdadeiramente, uma das figuras centrais do Advento, cuja imagem devemos destacar, nas nossas igrejas, sobretudo neste dia.
Sublinhemos, hoje, a oração que o Papa Francisco propôs sobre São José na catequese que comentámos:
“São José, tu és o homem que sonha,
Ensina-nos a recuperar a vida espiritual
Como o lugar interior no qual Deus se manifesta e nos salva.
Tira de nós o pensamento de que rezar é inútil,
Ajuda a cada um de nós a corresponder
Ao que o Senhor nos indica.
Que os nossos raciocínios estejam irradiados pela luz da Espírito,
O nosso coração alentado pela sua força
E os nossos medos salvos pela Sua misericórdia. Amén”.
O Papa Francisco convida-nos a redescobrir a São José com o pai no caminho para o Pai, seguindo os vestígios do Filho, e a escutar no silêncio, atentamente, a sua voz.
Maria pode ser o nosso ícone da confiança. E José pode bem ser o nosso ícone da compaixão. A compaixão de José por Maria, a quem ele poderia ter abandonado, mostra a preeminência da compaixão sobre a lei. Ou então, a centralidade da misericórdia. Ainda Jesus está no ventre e já a misericórdia abunda ao seu redor. Por isso, misericórdia e confiança devem ser a nossas atitudes fundamentais: para Deus, a nossa confiança; para os irmãos, a nossa misericórdia, porque este é o estilo de Jesus.
Assim o Senhor poderá nascer em cada um de nós. Assim se tece o Natal do Senhor: confiança e misericórdia.